quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Jovem contemporâneo: quem é ele?



Por Tiago Cabral Dardeau
Coordenador do Curso de Roteiro do NAVE

A cibercultura ou Cultura Digital traz elementos que precisam ser considerados e incorporados pela escola, para que a mesma acompanhe as transformações que vem ocorrendo, principalmente no campo da comunicação. A expressividade cotidiana dos jovens na contemporaneidade deve ser investigada sob o ponto de vista cultural, possibilitando novas práticas pedagógicas significativas.
Compreender esse jovem contemporâneo atuando no “espaço liso” [expressão deleuziana para classificar o espaço das subjetividades, dos movimentos não lineares, das emoções], com suas multiplicidades, sensibilidades e complexidades é um caminho a ser trilhado para construção de novas relações de ensino e aprendizagem.
As instituições de ensino, em sua maioria, ainda adotam um sistema pedagógico calcado em processos homogêneos, autoritários, unidirecionais, projetados para a Era Industrial. A escola dos estudantes do século XXI tem o modelo do século XIX.
Na década de 80 o conceito de letramento apontou para “a necessidade de reconhecer e nomear práticas sociais de leitura e de escrita mais avançadas e complexas que as práticas do ler e do escrever resultantes da aprendizagem do sistema de escrita.” (SOARES, 2004).
No mesmo campo de ampliação e contextualização das práticas educativas, nesta segunda década do novo século, um outro caminho é pensar a Educação a partir de “Múltiplos Alfabetismos”, definição proposta pelo New London Group. (O grupo é composto por pesquisadores renomados de nacionalidades americana, inglesa e australiana. Foi assim nomeado por conta do lugar onde se encontraram pela primeira vez , em 1994: New London, em New Hampshire, EUA. Em 1996, o grupo publicou o primeiro artigo intitulado “A Pedagogy of Multiliteracies: Designing Social Futures”, na revista Harvard Educational Review).
Complementando a necessidade dos múltiplos alfabetismos, é importante também repensar as relações professor-aluno; ensino-aprendizagem; passividade-interatividade; individual-cooperativo; espaço-tempo. No mundo contemporâneo, tão importante quanto a bagagem de conhecimento, é o saber procurar, saber fazer escolhas, analisar e criticar qualificadamente. Repensar essas relações sob a luz da cultura digital significa repensar a Educação: os processos de ensinar e aprender, os espaços físicos, os tempos de aula, os currículos, as turmas. As críticas ao que deve mudar na Educação já ganharam forma há algum tempo, porém, o novo, aquilo que deve fortalecer novos paradigmas, ainda precisa ser testado, validado empírica e teoricamente.
Talvez uma dessas mudanças possíveis, e a mais evidente e urgente, seja a compreensão da necessidade de participação da escola na cultura digital, dialogando com os educandos através de uma linguagem contemporânea, que se aproxime de suas práticas sociais.

0 comentários:

Postar um comentário

Quem sou eu

Minha foto
Licenciada em Letras, trabalho há 20 anos na área educacional. Sou tutora do Curso Técnico em Meio Ambiente, pelo IFET Sudeste de Minas Gerais - campus Rio Pomba e atuo como tutora de informática na E.M.Vigário Cassimiro.Administro uma escola de acompanhamento pedagógico.

Seguidores

Buscar